Estratégias complementares para maximizar a eficiência de controle de doenças em plantas cultivadas

                            
Manejo de fungicidas

O potencial produtivo da cultura da soja é influenciado por fatores internos e externos durante o cultivo, tais como características químicas e físicas do solo, componentes edafoclimáticos, características genéticas da cultivar, manejo fitossanitário e ataque de pragas, doenças e plantas daninhas (CARVALHO, 2014). Doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus estão entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos na produção da soja, podendo ocasionar perdas de 15% a 20% na produção anual da cultura (EMBRAPA, 2004).

Embora a aplicação de fungicidas sintéticos seja a prática de manejo mais difundida para mitigar os efeitos negativos gerados pelas doenças, essa estratégia quando adotada isoladamente não deve ser sustentável a longo prazo, pois ao realizar aplicações contínuas dos mesmos ingredientes ativos, combinadas com aplicações inadequadas em períodos desfavoráveis, as populações de fungos mais resistentes são selecionadas, reduzindo a eficiência da aplicação.

No Brasil, ao abordarmos o fungo causador da Ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), estudos de Schmitz et al. (2014), Klosowski et al. (2016) e Simões et al. (2018) já relataram em nossa literatura científica perda de sensibilidade aos fungicidas. Essa resistência foi observada nos três principais grupos de fungicidas sítio-específicos: inibidores da desmetilação (IDM - triazóis), inibidores da quinona externa (IQe - estrobilurinas) e inibidores da succinato desidrogenase (ISDH - carboxamidas). Esses grupos compõem todos os fungicidas registrados para o controle da doença.

Para Mancha-Alvo (Corynespora cassiicola), a resistência aos fungicidas inibidores de quinona externa (IQe) vem sendo relatada desde 2014 nas principais regiões produtoras de soja no Brasil, em número significativo de amostras, em razão da presença da mutação G143A, que confere resistência completa (FRAC, 2023; Mello, 2022).

Quando analisamos os ensaios cooperativos da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) na safra 2023/2024, para Ferrugem-asiática da soja e Mancha-alvo, podemos observar a baixa eficiência dos fungicidas. Para a Ferrugem-asiática da soja, a porcentagem de controle dos fungicidas registrados variou de 43% (picoxistrobina + ciproconazol) a 71% (fluxapiroxade + mancozebe + protioconazol). Ao observar os resultados para Mancha-alvo, a porcentagem de controle dos fungicidas variou de 44% (bixafen + protioconazol + trifloxistrobina) a 62% (PNR [produto não registrado] + metiltetraprole + protioconazol).

Conforme o exposto acima, notamos a necessidade de termos outras ferramentas associadas ao manejo de fungicidas com o objetivo de maximizar a eficiência de controle através de estratégias alternativas e complementares. Neste contexto, o uso de nutrição foliar, adjuvantes e produtos biológicos podem ser de fundamental importância neste cenário de perdas de sensibilidade e mutações dentro do manejo de fungicidas.
                      

                      

Nutrição, adjuvantes e produtos biológicos como ferramentas para maximizar a eficiência de controle

O cobre (Cu) é um nutriente com elevado potencial para o manejo de doenças nas plantas, podendo ser fornecido de forma eficaz por meio da aplicação foliar (Andrade et al. 2015; Schimith et al. 2014). O Cu não só regula o metabolismo primário, mas também participa na produção de compostos protetores, como lignina e suberina, que aumentam a resistência à penetração de microrganismos (Marschner 2012).

A lignina protege contra ataques bióticos, enquanto a suberina, em conjunto com compostos fenólicos, resiste à degradação por enzimas fúngicas, preservando a integridade dos tecidos foliares (Taiz e Zeiger 2017). Além disso, a formação desses polímeros aumenta a presença de compostos fenólicos livres, que inibem os metabólitos secundários dos patógenos, dificultando a infecção (Hendriks e Zeeman 2009).

Além dos efeitos positivos do cobre relacionados à supressão de doenças, o elemento atua ainda na fisiologia vegetal em diferentes processos , por exemplo: sua deficiência pode inibir a liberação do pólen, elemento que atua na redução de estresse por ser base para a formação de enzimas antioxidante, além de atuar na plastocianina, que são moléculas transportadoras de elétrons.

Outro ponto de extrema importância para maximizarmos a eficiência de controle de doenças é o uso dos adjuvantes corretos. Uma aplicação adequada é aquela que atinge o alvo, e para isso, ela deve ser realizada no momento correto, proporcionando cobertura suficiente do alvo; deve também cumprir com os objetivos daquela aplicação, pois a eficiência do 

tratamento sanitário não depende somente da quantidade de produto ativo depositado na planta, mas também na distribuição, alcance e absorção deste produto. Portanto, a escolha do adjuvante adequado não apenas potencializa a eficácia dos defensivos agrícolas, mas também melhora a cobertura e a penetração dos produtos aplicados, garantindo que os ingredientes ativos atinjam o alvo de maneira eficiente, otimizando o investimento realizado nos defensivos.

Os produtos biológicos surgem como a mais recente ferramenta para ser associada ao manejo de fungicidas, pois contribuem para o manejo da resistência aos fungicidas químicos. O controle biológico caracteriza-se por ter múltiplos alvos biológicos, além de diferentes modos de ação, por isso, quando utilizado corretamente no manejo integrado de doenças em plantas, exerce papel protetor semelhante aos fungicidas químicos multissítios, desta forma reduzindo o surgimento de isolados resistentes a determinado princípio ativo (KUPPER; GIMENES-FERNANDES; GOES, 2003; ONGENA et al., 2005).

A integração de produtos biológicos no manejo de doenças de plantas deve ser feita com base em um conhecimento aprofundado das interações entre o agente biológico, o patógeno e o ambiente. Isso inclui a compreensão das condições ótimas para a aplicação e a sobrevivência do agente biológico, bem como a sua compatibilidade com outras práticas de manejo e produtos utilizados.

Com o uso estratégico e combinado de fungicidas químicos e produtos biológicos, é possível não apenas controlar de forma eficaz as doenças das plantas, mas também promover a sustentabilidade agrícola a longo prazo. A escolha e implementação correta desses produtos são passos fundamentais para alcançar um controle de doenças robusto e resiliente, garantindo a saúde e produtividade das culturas agrícolas.

BRANDT Brasil no contexto de ferramentas complementares

Mediante ao seu robusto portfólio em nutrição, adjuvantes e produtos biológicos a BRANDT Brasil conta com diversos produtos para oferecer aos agricultores tecnologias complementares para o manejo de fungicidas.

> BRANDT Smart Cobre

Tecnologia em nutrição foliar de cobre de alto desempenho que oferece aos produtores uma solução rápida e efetiva para suprir as necessidades nutricionais de cobre dentro ainda de um mesmo ciclo da cultura. Sua exclusiva formulação com a tecnologia BRANDT Smart System foi especialmente desenvolvida para manter o cobre altamente solúvel e prontamente disponível para a planta em qualquer momento de aplicação e com as mais variadas combinações de produtos.

O cobre possui funções fundamentais na planta, incluindo a formação de paredes celulares, síntese de proteínas, polinização e formação de tubos polínicos, desintoxicação de espécies reativas de oxigênio, formação de lignina e suberina (elemento base para a formação das plastocianina, que realizam transporte de elétrons na fase fotoquímica da fotossíntese), além de ser o nutriente com elevado potencial para ser incluído no manejo de doenças foliares.

Através dos resultados das pesquisas abaixo, podemos analisar a redução da severidade da doença durante o ciclo e o acréscimo em potencial produtivo, proporcionado pela utilização do BRANDT Smart Cobre junto ao fungicida.
                        

Resultado 1

Legenda: Protocolo de pesquisa realizado na instituição de pesquisa Madalosso, na cidade de Xanxerê – SC. Cultura: Soja; Material: NEO 590 I2X. Objetivo: Avaliar a eficiência do BRANDT Smart cobre juntamente ao manejo de fungicidas. 1° aplicação: Difenoconazol + Ciproconazol – Dose: 250mL/ha; 2° aplicação: Bixafen + Protioconazol + Trifloxistrobina – Dose: 500 mL/ha; 3° aplicação: Epoxiconazol + Fluxapiroxade + Piraclostrobina – Dose: 800 mL/ha; 4° aplicação: Metominostrobina + Tebuconazol – Dose: 600 mL/ha. BRANDT Smart cobre foi aplicado na 2° e 3° aplicação, na dosagem de 300 mL/ha. Para todos os produtos seguiu-se a dosagem estabelecida pelo detentor de cada tecnologia.

Legenda: Protocolo de pesquisa realizado na instituição de pesquisa Madalosso, na cidade de Xanxerê – SC. Cultura: Soja; Material: NEO 590 I2X. Objetivo: Avaliar a eficiência do BRANDT Smart cobre juntamente ao manejo de fungicidas. 1° aplicação: Difenoconazol + Ciproconazol – Dose: 250mL/ha; 2° aplicação: Bixafen + Protioconazol + Trifloxistrobina – Dose: 500 mL/ha; 3° aplicação: Epoxiconazol + Fluxapiroxade + Piraclostrobina – Dose: 800 mL/ha; 4° aplicação: Metominostrobina + Tebuconazol – Dose: 600 mL/ha. BRANDT Smart cobre foi aplicado na 2° e 3° aplicação, na dosagem de 300 mL/ha. Para todos os produtos seguiu-se a dosagem estabelecida pelo detentor de cada tecnologia.

Resultado 2

Legenda: Protocolo realizado pela Protscience soluções agronômicas na cultura da soja na cidade de Passo Fundo - RS, para controle de Ferrugemasiática da soja. Semeado dia 25/11/2022. Tecnologia utilizada: BRANDT Smart Cobre na dosagem de 300 mL/ha em R2 e R4. Fungicidas utilizados no desenvolvimento do protocolo: 1° Aplicação: Difenoconazol, 200 mL/ha; 2° Aplicação: Benzovindiflupir + Difenoconazol + Ciproconazol, 500 mL/ha; 3° Aplicação: Fluxapiroxade + Protioconazol, 250 mL/ha; 4° Aplicação: Azoxistrobina + Mancozebe + Tebuconazol, 1750 mL/ha. Foram realizadas 4 aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura. Seguiu-se a dose recomendada pelo detentor de cada molécula.

Legenda: Protocolo realizado pela Protscience soluções agronômicas na cultura da soja na cidade de Passo Fundo - RS, para controle de Ferrugemasiática da soja. Semeado dia 25/11/2022. Tecnologia utilizada: BRANDT Smart Cobre na dosagem de 300 mL/ha em R2 e R4. Fungicidas utilizados no desenvolvimento do protocolo: 1° Aplicação: Difenoconazol, 200 mL/ha; 2° Aplicação: Benzovindiflupir + Difenoconazol + Ciproconazol, 500 mL/ha; 3° Aplicação: Fluxapiroxade + Protioconazol, 250 mL/ha; 4° Aplicação: Azoxistrobina + Mancozebe + Tebuconazol, 1750 mL/ha. Foram realizadas 4 aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura. Seguiu-se a dose recomendada pelo detentor de cada molécula.

                              
> Tecnologia Integras

Um novo conceito em Tecnologia de Aplicação que atua na redução das perdas, entregando maior segurança e mais eficiência nas aplicações. O BRANDT Becatron é um adjuvante agrícola não-iônico de alta performance, desenvolvido com tecnologia americana, projetado para maximizar a eficácia das aplicações de defensivos agrícolas, por meio da redução de deriva, aumento da penetração, espalhamento e deposição das gotas na aplicação.

Sua formulação exclusiva é enriquecida com surfactantes avançados, além de componentes como óleo vegetal metilado e lecitina, que aumentam a adesão e a proteção dos ativos sobre as folhas, prolongando a ação dos defensivos agrícolas sem a interferência do pH da solução.

Mediante ao trabalho realizado no instituto Dashen (imagem abaixo), pode-se concluir maior deposição de gotas, principalmente nos terços inferior e médio, o que proporciona maior cobertura do alvo, sendo uma característica fundamental para o manejo de fungicidas.
                       

Principais benefícios:

■ Melhor penetração: BRANDT Becatron proporciona um aumento da penetração dos produtos aplicados, reduzindo sua evaporação e auxiliando na eficácia dos agroquímicos sistêmicos e de contato, permitindo que os ingredientes ativos sejam absorvidos mais eficientemente nas superfícies das plantas sem dissolver a cutícula.

■ Redução de deriva: sua formulação exclusiva padroniza o espectro de gotas, reduzindo as gotas propensas a deriva, proporcionando maior segurança às aplicações de defensivos.

■ Aumento da deposição e espalhamento: as propriedades exclusivas do BRANDT Becatron melhoram a deposição e espalhamento das gotículas de pulverização, garantindo uma cobertura mais uniforme e prolongando a ação dos defensivos agrícolas.

> BRANDT ClearFol

Biofungicida multissítio para controle das principais doenças foliares, agindo em três vias:

 Antibiose
Possui enzimas e metabólitos secundários que inibem o desenvolvimento de fungos e bactérias na superfície foliar;

■ Indução de resistência
Ativa mecanismos de defesa na planta (endofítico);

 Redução do inóculo no solo
Age reduzindo a atividade de doenças em superfície do solo. Em associação com produtos químicos, o produto permite o aumento do espectro de controle e, principalmente, manejo de resistência.
                       
Considerações finais

A utilização de estratégias complementares ao manejo de fungicidas é essencial para alcançar um controle eficiente e sustentável das doenças de plantas. Integrar essas tecnologias de maneira estratégica no manejo de doenças não só maximiza a performance dos fungicidas, mas também promove práticas agrícolas mais efetivas. Portanto, investir em uma combinação equilibrada de nutrição foliar, adjuvantes e produtos biológicos, junto com o uso consciente de fungicidas, é um passo fundamental para o sucesso no manejo de doenças de plantas. Esta abordagem integrada não só beneficia os produtores ao melhorar a eficácia do controle de doenças, mas também contribui para a sustentabilidade e a saúde ambiental a longo prazo.

Autores:
Cesar Murad - Gerente de Produtos Adjuvantes e Acesso ao Mercado
Eduardo Ivan - Gerente de Produtos Biológicos
Hugo Rosa - Gerente de Produtos de Nutrição

                           

Referências Bibliográficas

ANDRADE, J. E.; CASSETARI, NETO, D.; MACHADO, A. Q.; VILELA, P. M. C. A. (2015). Aplicação de programas de adubação foliar com silício e potássio associados a fungicidas no controle de ferrugem-asiática na cultura da soja. Bioscience Journal.v. 31, n. 1, p. 18-24.

CARVALHO, M. M. Influência de sistemas de semeadura na população de pragas e nas características morfofisiológicas em cultivares de soja. Botucatu/SP: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Mar/2014. 66p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Ferrugem “asiática” da soja no Brasil: evolução, importância, economia e controle. Londrina: Embrapa Soja, 2004, 36p.

FRAC. Summary of annual Sensitivity Monitoring. Brussels:FRAC, 2023. Disponível em: https://www.frac.info/knowledgedatabase/ summary- -of-annual-monitoring.

Hendriks, A. T. W. M.; Zeeman, G. (2009). Pretreatments to enhance the digestibility of lignocellulosic biomass. Bioresouce Technology, v. 100, p. 10-18.

KLOSOWSKI, A. C.; MAY-DE-MIO, L. L.; MIESSNER, S.; RODRIGUES, R.; STAMMLER, G. Detection of the F129L mutation in the cytochrome b gene in Phakopsora pachyrhizi. Pest Management Science, v. 72, p. 1211- 1215, 2016.

KUPPER, K.C.; GIMENES-FERNANDES, N.; GOES, A. de. Controle biológico de Colletotrichum acutatum, agente causal da queda prematura dos frutos cítricos. Fitopatologia Brasileira, v. 28, p.251-257, 2003.

MARSCHNER, H. (2012). Mineral nutrition of higher plants. 3 ed., San Diego: Academic Press. p. 651-889.

SCHMITZ, H. K.; MEDEIROS, A. C.; CRAIG, I. R.; STAMMLER, G. Sensitivity of Phakopsora pachyrhizi towards quinone-outsideinhibitors and demethylation-inhibitors, and corresponding resistance mechanisms. Pest Management Science, v. 7, p. 378-388, 2014.

SIMÕES, K.; HAWLIK, A.; REHFUS, A.; GAVA, F.; STAMMLER, G. First detection of a SDH variant with reduced SDHI sensitivity in Phakopsora pachyrhizi. Journal of Plant Diseases and Protection, v. 125, p. 21-26, 2018.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. (2017). Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed.