Atuando há 25 anos no setor, Ana Elisa enfrentou diversos obstáculos e hoje busca agregar valor ao trabalho no campo

O Rally Mulheres do Agro está visitando diversas propriedades rurais de todo o Brasil, para saber mais sobre as atividades das produtoras no agronegócio. Com o patrocínio da BRANDT, da HELM do Brasil e do Sicoob, no mês de maio, o projeto passou pelo município de Bom Sucesso (PR) e entrevistou Ana Elisa Lourenzon, advogada, agricultora e pecuarista que está atuando no setor há mais de 25 anos.

Com três propriedades rurais na família, a Fazenda Santos Reis, a Fazenda São Bento e o Sítio São João, seu envolvimento com o agro começou desde nova. Ana era o “grude” do pai agricultor, acompanhando-o nos trabalhos do campo. Cerealista há 88 anos, o patriarca favorecia uma visão mais masculina da atuação no agronegócio, e não imaginava que uma de suas filhas fosse se interessar pelo setor.

Em um primeiro momento, Ana Elisa seguiu o ramo do direito. Quando voltou da faculdade, montou um escritório de advocacia no mesmo local em que seu pai administrava a logística das fazendas. Na sua opinião, essa proximidade ajudou a quebrar um pouco a barreira entre ela e o trabalho da família. “Mas não tanto”, acrescentou ela. Isso porque, logo em seguida, há 25 anos atrás, seu pai sofreu um infarto, e foi Ana e sua mãe que tiveram que correr atrás da gestão das fazendas na época.

Segundo a produtora, coube a elas lidar com a porção das terras que estava arrendada, as lavouras da família, arrumar cerca, cuidar do gado que estava debilitado e lidar com funcionários que não aceitavam serem conduzidos por mulheres. “Não sabíamos nada, mas fomos tocando. Sofri muito, e o que passamos foi muito difícil, continua sendo. Todo dia sou colocada à prova, e a maioria diz que não vou dar conta até hoje”, comenta Ana.

Com o tempo, seu pai se recuperou, e Ana foi, aos poucos, se “achegando” mais no agronegócio, principalmente nos últimos 5 anos. Nessa trajetória, enfrentou uma grande dificuldade quando perdeu a mãe para o câncer, o que desestabilizou a família toda. “Fiquei um ano afastada do escritório de advocacia e deixamos as fazendas nas mãos de funcionários. Foi uma decepção”, diz Ana, contando que seu pai ficou muito abalado com os acontecimentos e, desde então, é ela que está à frente das terras junto com seu namorado, que tem lhe dado todo o suporte.

“Puxei mais as rédeas para mim. Não que antes eu não atuava, fazia cotação de defensivos, arrumava o que precisava, estava sempre junto, mas decisões de venda de cereais e outras negociações nunca estava sozinha. Hoje é o pai que fica ao meu lado, só observando, dizendo que estou indo bem. Meu pai me incentiva muito, conversa comigo e está sempre por perto, mas as decisões são minhas”, afirma a produtora.

No município de Bom Sucesso (PR) eles produzem soja e milho, além da pecuária, com a criação da raça de bovinos “angus”. Ana destacou que, a princípio, seu pai estava meio resistente às novas propostas de biotecnologia com o gado, mas reforçou que era necessário agregar valor ao trabalho que eles realizam.

 

Fonte: Revista Mulheres do Agro | Agatha Zago